Migração AM-FM: o panorama das emissoras brasileiras em 2025

Nos últimos anos, o dial brasileiro viveu uma transformação silenciosa, porém histórica.

A migração das rádios AM para FM deixou de ser apenas um projeto regulatório e se consolidou como um movimento decisivo para a modernização da radiodifusão no país.

Em 2025, o cenário é de avanço constante, reunindo números expressivos, novas oportunidades e, acima de tudo, um impacto direto na forma como milhões de brasileiros se conectam às suas emissoras favoritas.


Um retrato atualizado do processo

De acordo com o Painel da Radiodifusão do Ministério das Comunicações, até março de 2025:

  • 1.686 emissoras solicitaram oficialmente a migração.
  • 1.324 rádios já operam na faixa FM, representando 78% do total.
  • O dial convencional (87,5 a 107,9 MHz) abriga mais de 1.403 emissoras.
  • O FM estendido (76,1 a 87,3 MHz), criado a partir do aproveitamento dos canais 5 e 6 da TV analógica, já conta com 363 autorizações e 36 emissoras ativas.

Esses números revelam que o projeto não apenas saiu do papel, mas também ganhou ritmo nos últimos dois anos, especialmente após as facilidades de parcelamento da outorga em até 120 vezes, criadas pelo Decreto 10.804/2021.


Por que a migração é tão importante?

O processo vai muito além de uma mudança de frequência. Ele representa:

  • Qualidade de som superior: O FM oferece áudio mais limpo, livre de interferências comuns no AM, como ruídos elétricos e climáticos.
  • Estabilidade de sinal: Maior consistência na recepção, especialmente em áreas urbanas densas.
  • Modernização do setor: A transição fortalece a competitividade das rádios frente ao streaming e outras mídias digitais.
  • Acesso ampliado: Com o FM, a programação pode ser captada em celulares com chip FM, aumentando a audiência.

Como metáfora, é como trocar uma estrada de terra por uma rodovia asfaltada: o destino é o mesmo, mas a experiência de chegar até lá muda completamente.


Distribuição regional e impacto local

O Sul e o Sudeste concentram a maior parte das emissoras que já migraram.

Estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul lideram o número de autorizações e migrações concluídas.

Essa concentração se deve à densidade populacional e ao peso econômico dessas regiões, que ampliam a viabilidade comercial das estações.

Nas cidades menores, o impacto é igualmente relevante.

Ou seja, a migração permite que rádios comunitárias e regionais ofereçam qualidade de som comparável às grandes redes, fortalecendo o jornalismo local, a cultura regional e a publicidade segmentada.


O papel da regulamentação

Além disso, o marco inicial para a migração foi o Decreto 8.139/2013, que autorizou a mudança de Ondas Médias para FM.

Ao longo dos anos, novas portarias e decretos ajustaram prazos, condições e valores, incluindo a criação do FM estendido e a possibilidade de migração também para emissoras de Ondas Curtas e Tropicais (Decreto 11.739/2023).

Essa evolução regulatória foi fundamental para garantir que o processo atendesse tanto às grandes capitais quanto às cidades do interior.


Oportunidades para emissoras

Para as rádios, a migração abre portas estratégicas:

  • Aumento da audiência qualificada: Melhor qualidade de áudio atrai ouvintes que haviam migrado para outras plataformas.
  • Novos formatos publicitários: Mais estabilidade no sinal permite veiculação de campanhas complexas e de maior valor agregado.
  • Integração com o digital: A presença no FM, combinada com transmissões online, cria um ecossistema híbrido poderoso.

Portanto, emissoras que se preparam tecnicamente e fortalecem sua marca nesse período têm vantagem competitiva para os próximos anos.


O futuro do dial brasileiro

Com o avanço da migração, é possível prever um cenário onde o AM se tornará uma memória histórica, assim como o som característico das interferências que marcaram gerações.

No lugar delas, teremos um dial FM mais plural, inclusivo e tecnologicamente preparado para competir com qualquer plataforma de áudio.

Essa transição não é apenas uma mudança de canal. É a construção de uma nova era para o rádio brasileiro, onde tradição e inovação caminham lado a lado.


Mais que tecnologia: conexão

Por fim, a migração AM-FM no Brasil em 2025 é um exemplo claro de como o setor pode se reinventar sem perder sua essência.

Ao unir qualidade técnica, regulamentação eficiente e visão estratégica, as emissoras criam um futuro promissor para a radiodifusão.

Para as rádios que ainda não iniciaram esse processo, a hora de agir é agora.

O público está cada vez mais exigente e, no dial, quem entrega a melhor experiência sonora conquista — e mantém — a audiência.